"Sei o que vão dizer: a burocracia, o trânsito, os salários, a polícia, as injustiças, a corrupção e o governo não nos deixam ser delicados. - E eu não sei? Mas de novo vos digo: sejamos delicados. E, se necessário for, cruelmente delicados." Afonso Romano de Sant'Anna

"... acordar a criatura humana dessa espécie de sonambulismo em que tantos se deixam arrastar. Mostrar-lhes a vida em profundidade. Sem pretensão filosófica ou de salvação - mas por uma contemplação poética afetuosa e participante." Cecília Meireles

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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Dia da árvore com Arnaldo Antunes



As Árvores

Arnaldo Antunes


As árvores são fáceis de achar

Ficam plantadas no chão

Mamam do céu pelas folhas

E pela terra

Também bebem água

Cantam no vento

E recebem a chuva de galhos abertos

Há as que dão frutas

E as que dão frutos

As de copa larga

E as que habitam esquilos

As que chovem depois da chuva

As cabeludas, as mais jovens mudas

As árvores ficam paradas

Uma a uma enfileiradas

Na alameda

Crescem pra cima como as pessoas

Mas nunca se deitam

O céu aceitam

Crescem como as pessoas

Mas não são soltas nos passos

São maiores, mas

Ocupam menos espaço

Árvore da vida

Árvore querida

Perdão pelo coração

Que eu desenhei em você

Com o nome do meu amor.


Foto: Kátia Araújo, em Cordisburgo/MG/2010.

4 comentários:

Mariana disse...

Bem lembrado. Vou trabalhar essa música com os alunos do 6º ano!

Franck disse...

Encontrei aqui através do blog da Mariana, e, encantado com tanta delicadeza, pq a vida é algo que se leva ás costas, com custo, ou sobre as mãos, com delicadeza!
Sigo-a, para n/perder o caminho de volta!

TEREZA QOSQO disse...

Mariana, professora. Que barato! Admiro muito sua profissão. Talvez eu a adote algum dia, quem sabe?! Abraços.

TEREZA QOSQO disse...

Franck, obrigada pela delicadeza de suas palavras.

Errante, sigo tentando levar a vida sobre as mãos, e me sinto feliz quando encontro pessoas que acreditam na reinvenção da vida através da delicadeza.

Abraço, Mariana.