"Sei o que vão dizer: a burocracia, o trânsito, os salários, a polícia, as injustiças, a corrupção e o governo não nos deixam ser delicados. - E eu não sei? Mas de novo vos digo: sejamos delicados. E, se necessário for, cruelmente delicados." Afonso Romano de Sant'Anna

"... acordar a criatura humana dessa espécie de sonambulismo em que tantos se deixam arrastar. Mostrar-lhes a vida em profundidade. Sem pretensão filosófica ou de salvação - mas por uma contemplação poética afetuosa e participante." Cecília Meireles

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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Anoitecer em outubro




ANOITECER EM OUTUBRO

Ferreira Gullar


A noite cai, chove manso lá fora
meu gato dorme
enrodilhado
na cadeira

Num dia qualquer
não existirá mais
nenhum de nós dois
para ouvir
nesta sala
a chuva que eventualmente caia
sobre as calçadas da rua Duvivier


GULLAR, Ferreira. Em alguma parte alguma. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010. p. 65.

Um comentário:

Franck disse...

No meu anoitecer de outubro não tem chuva, apenas um lusco-fusco...
Que lindo poema para um anoitecer!
Bjs*